Motoristas de aplicativos: Lula assina projeto que garante direitos mínimos e abre caminho para regulamentação

Motoristas de aplicativos Lula assina projeto que garante direitos mínimos e abre caminho para regulamentação

A medida reconhece a importância da categoria dos motoristas de aplicativos para a economia e garante a eles direitos básicos que antes não eram assegurados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um Projeto de Lei Complementar (PLC) que visa garantir direitos mínimos aos motoristas de aplicativos. A proposta, resultado de um acordo tripartite entre governo, empresas e trabalhadores, é um marco histórico na luta pela regulamentação do trabalho nas plataformas digitais.

O PLC cria a categoria de “trabalhador autônomo por plataforma” e estabelece uma série de medidas para assegurar melhores condições de trabalho e proteção social aos motoristas. Entre os principais pontos estão:

Remuneração:

  • Piso por hora trabalhada de R$ 32,09, sendo R$ 8,02 referentes à remuneração e R$ 24,07 de indenização para cobrir custos com celular, combustível, manutenção do veículo, seguro e impostos.
  • Jornada máxima de 12 horas diárias de conexão à plataforma, com direito a 30 minutos de intervalo para cada 6 horas trabalhadas.
  • Salário mínimo mensal de R$ 1.412 para quem cumprir jornada de 8 horas diárias.

Previdência:

  • Inscrição obrigatória no Regime Geral da Previdência Social (RGPS), com contribuição de 7,5% do trabalhador e 20% da empresa sobre o valor da remuneração (R$ 8,02/hora).
  • Aposentadoria por idade, auxílio-doença, auxílio-maternidade e outros benefícios previdenciários.

Saúde e Segurança:

  • Plano de saúde com cobertura mínima de 70% do Rol de Procedimentos da ANS, custeado pela empresa.
  • Seguro de vida em caso de morte acidental, custeado pela empresa.
  • Treinamentos periódicos sobre segurança no trânsito e saúde ocupacional.

Transparência:

  • As plataformas serão obrigadas a fornecer aos motoristas informações claras e precisas sobre as tarifas, critérios de avaliação, sistema de pagamento e outros aspectos relevantes do trabalho.
  • Criação de um Observatório do Trabalho nas Plataformas Digitais para monitorar e avaliar as condições de trabalho e a efetividade das medidas de proteção social.

O PLC será enviado ao Congresso Nacional para aprovação. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já manifestou apoio à proposta e disse que dará prioridade à sua tramitação.

A assinatura do PLC é um passo fundamental para a regulamentação do trabalho nas plataformas digitais no Brasil. A medida reconhece a importância da categoria dos motoristas de aplicativos para a economia e garante a eles direitos básicos que antes não eram assegurados.

 

Especialistas e representantes dos trabalhadores comemoraram a assinatura do PLC. O presidente da CUT, Sérgio Nobre, classificou a medida como “um dia histórico para os trabalhadores de aplicativos”. Já o presidente da Amobitec, Rafael Granato, afirmou que o setor está “comprometido com a construção de um ambiente de trabalho justo e sustentável para todos”.

O debate sobre a regulamentação do trabalho nas plataformas digitais é global. Diversos países já implementaram medidas para garantir direitos aos trabalhadores, como Espanha, Portugal, Itália e França.