O Hospital de Base de Brasília, ainda neste mês, vai reduzir o tempo de espera para o início de tratamento de câncer, com isso, aumentar de 35 para 45 o número de pacientes a serem atendidos por dia, chegando a 990 por mês. Graças à conclusão dos serviços de modernização do acelerador linear, aparelho usado em sessões de radioterapia. Um colimador de múltiplas lâminas, conhecido pela sigla em inglês MLC, foi doado pelo Hospital Sírio-Libanês e instalado no acelerador da unidade, neste mês por empresas contratadas pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF),
“Para o funcionamento do aparelho eram confeccionados blocos de colimação de uma liga metálica específica, composta de metais pesados. Esses blocos eram feitos para cada um dos pacientes. Ou seja, o trabalho demandava mão de obra e insumos caros. Com as múltiplas lâminas, não há mais necessidade dos blocos de colimação”, resume o chefe do Núcleo de Radioterapia do HB, Eronides Batalha Filho.
Além disso, antes, era preciso que um técnico entrasse na sala de radioterapia de quatro a seis vezes por sessão para que os blocos fossem trocados, o que impactava na duração do atendimento. Agora, com o MLC, essa troca não é feita, e isso agiliza a sessão, segundo Batalha Filho. “Cerca de 70% dos pacientes que tratam cânceres no Hospital de Base precisam de radioterapia”, informa o médico. “Portanto, a atualização desse equipamento representa um ganho enorme.”
Ainda segundo o especialista, o novo acessório é capaz de configurar a radiação emitida de acordo com o formato e a localização do tumor a ser tratado, o que resulta em mais segurança no processo. “E deixamos de expor os profissionais ao risco de trabalhar na confecção dos blocos de colimação”, acrescenta Batalha Filho.
A tecnologia com blocos colimadores limitava o tratamento radioterápico de determinados tipos de câncer no Hospital de Base, enquanto as múltiplas lâminas, por serem mais precisas na radiação, aumentam o escopo das patologias atendidas.
“Poderemos tratar, com finalidade curativa, pacientes com câncer de cabeça e pescoço, próstata e pulmão, além de tumores no sistema nervoso central”, informa Batalha Filho. Segundo o chefe do Núcleo de Radioterapia, antes da atualização do acelerador linear, esses pacientes eram encaminhados a outros hospitais da rede pública.
As empresas Invita e RTCON, que prestam serviços de manutenção para o Iges-DF, foram responsáveis pelo transporte, pela instalação e pela calibração do colimador de múltiplas lâminas. “Foi um trabalho delicado e complexo”, destaca Batalha Filho.